Resolvi fazer essa postagem sobre agrotóxicos, pois acredito que seja um tema que tem preocupado bastante atualmente, principalmente porque estudos sugeriram que a exposição contínua e crônica pode afetar o desenvolvimento saudável da criança e também por sabermos que infelizmente os agricultores não respeitam o que é preconizado pela ANVISA em relação aos pesticidas.
Riscos da exposição a pesticidas: principalmente pré-natal
– Problemas de atenção e aprendizagem
– Baixo peso de nascimento
– Câncer
– Envenenamento
Um estudo americano publicado na revista Pediatrics, em outubro de 2015, demonstrou que crianças expostas a pesticidas domésticos têm maior risco de câncer na infância.
Locais onde os agrotóxicos são encontrados:
– Comida: a dieta é a fonte mais importante
– Poeira, ar e solo
– Repelentes de insetos e venenos de rato
– Produtos para gramados e jardins
– Produtos para animais de estimação
Foi feito um estudo com crianças que se alimentaram com orgânicos e estas passaram a excretar imediatamente bem menos metabólitos dos agrotóxicos na urina, o que confirmou que a dieta é realmente a principal fonte.
Dicas importantes:
– Os agrotóxicos aderem mais a frutos de pele macia ou com buraquinhos
– Se o agrotóxico for de aplicação limitada à parte de fora do alimento, com uma boa lavagem elimina-se o risco na maioria das vezes: como ocorre com o morango e o tomate
– Mas tem agrotóxicos que ficam armazenados em todo alimento, dentro das células, nestes casos, ferver poderia inativar parte dos agrotóxicos, porém agrotóxicos à base de metais pesados como zinco ou estanho não conseguem ser inativados.
O Manual do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria de 2012 recomenda:
– Lave em água corrente
– Deixe os alimentos por 15 minutos em água com hipoclorito de sódio a 2,5%: 20 gotas de hipoclorito para 1L de água
– Depois deixe os alimentos por 20 minutos em água com bicarbonato de sódio a 1%: 1 colher de sopa para 1L de água
A Academia Americana de Pediatria também se posicionou em 2012 em relação aos agrotóxicos:
– Os pais devem comprar mais produtos orgânicos: estes têm menos pesticidas e um risco menor de exposição a bactérias resistentes
– Eles também ressaltam a importância de lavar com água e esfregar bem frutas e legumes
– Orientam a não usar pesticidas tóxicos em casa: como inseticidas
O FDA faz as seguintes recomendações em relação ao risco de contaminação alimentar por bactérias e em relação aos pesticidas:
– Compre alimentos pré-cortados, ensacados ou embalados desde que esses itens estejam refrigerados ou cercados por gelo
– Não deixe com que esses alimentos tenham contato com carne crua, aves e frutos do mar
– Deixe as frutas e vegetais perecíveis em um refrigerador limpo a 40ºF ou menos
– Lave as mãos por 20 segundos com sabão e água morna antes e depois de preparar qualquer alimento
– Corte todas as áreas machucadas em frutas e legumes
– Lave frutas e legumes cuidadosamente com água corrente
– Eles não recomendam lavar com sabão, detergente ou qualquer produto comercial
– Esfregue produtos firmes, como melão e pepino, com uma escova de produtos
– Lave antes de descascar
– Jogue fora as folhas externas de verduras folhosas, como alface e repolho.
– Retire a gordura antes de preparar a carne: a gordura animal também contém pesticidas
– Produtos comercializáveis para lavagem de alimentos costumam ser anunciados como a melhor maneira de lavar frutas e vegetais, mas o FDA não aconselha seu uso, pois a eficácia não foi testada e seus compostos não foram avaliados
De acordo com o National Pesticide Information Center:
– Lave os alimentos com água
– Segurar o alimento e deixar a água escorrer, lava mais do que se mergulhar o alimento na água
– Descasque e esfregue os produtos com escovinha macia
– Certos produtos podem ser eficazes na remoção da sujeira ou resíduos, mas não é comprovado que são mais eficazes do que água sozinha
– Não use detergente nem sabão: estes produtos adentram nos poros das frutas
– Não recomendam também o uso de sabonetes e nem água sanitária (hipoclorito)
De acordo com a Universidade do Colorado e de Minnesota:
– Não deixe os alimentos imersos em água
– Coloque frutas frágeis em uma peneira e coloque água morna em uma cumbuca: coloque a peneira dentro e fora da água várias vezes, troque a água e repita até que a água fique transparente – isso deve ser feito rapidamente, porque o fruto absorve água facilmente e perde sabor
– Não use detergentes e nem água sanitária (hipoclorito), pois produtos frescos são porosos e podem absorver esses produtos
– Deixe folhas em bacia de água fria por alguns minutos para ajudar a afrouxar a areia e a sujeira: facilita a limpeza após
– Uso de vinagre reduz a contaminação bacteriana, mas pode afetar a textura e o sabor: utilize ½ xícara de vinagre branco + 1 xícara de água – enxágue após
– Seque o produto com papel toalha: reduz ainda mais as bactérias presentes
– Não precisa secar alimentos que serão cozidos
– Não use cloro: caso seja muito usado pode ser tóxico e pode alterar o sabor do alimento
– Bicarbonato de sódio: por conter sódio pode afetar o sabor do alimento e ao ser misturado com água perde em boa parte sua capacidade de limpeza
Importante: pesquisas mostraram que lavar produtos com água da torneira é tão eficaz como lavar com qualquer produto presente no mercado.
Infelizmente, as políticas em relação a agrotóxicos variam em cada país, no Brasil tem muitas substâncias agrotóxicas que são permitidas e que em outros países já foram banidas. Por isso, as indicações de higiene alimentar preconizadas em outros países podem não ser válidas para nós.
Não encontrei nenhum artigo científico que defendesse o uso de iodo ou água oxigenada. Também não encontrei nada que comprovasse a eficácia do uso do limão.
Na próxima postagem irei falar sobre os alimentos orgânicos. Espero que tenham aproveitado a postagem de hoje.
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Referências
1. Residential Exposure to Pesticide During Childhood and Childhood Cancers: A Meta-Analysis
2. Pesticide Exposure in Children
3. Guide to Washing Fresh Produce
4. Handling fresh fruits and vegetables safely
5. Manual de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria